sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Maçom e seu papel na edificação social.

Nosso Templo

O homem, para tornar-se humano, aprende com seus semelhantes inúmeras atitudes que jamais desenvolveria se vivesse no isolamento, à semelhança de Mogli ou Tarzan. Por isto o homem maçom reúne-se com freqüência. Nestes encontros ele influencia seus irmãos para o bem, sabedor de que o próximo só mudará depois que ele mudar. Fora do templo, o maçom assíduo, transformado em pedra cúbica bem delineada e polida, ocupa seu espaço na sociedade como arquiteto da vida social. É devido a isto que o inassíduo não desenvolve características maçônicas e renuncia a um valioso tesouro; não muda a si próprio.
Uma ilustração exemplifica como acontece esta influência sobre si mesmo: certa ocasião, um cidadão encontrou um livro com o título: Segredo para o Tesouro. Avidamente passou a ler o mesmo, escrito em diversas línguas e referindo-se a diversos conhecimentos. Motivado, viu-se obrigado a aprender aquelas línguas e ciências. Em sua tentativa de descobrir o segredo e encontrar o tesouro, com o passar do tempo, progrediu e melhorou de vida em resultado de sua crescente erudição. Descobriu então que o segredo estava nele mesmo, dentro dele próprio e que ele era o tesouro; que o segredo para encontrar o tesouro foi a busca abnegada de informação e sua aplicação com sabedoria e discernimento. É isto que o homem maçom diligente encontra dentro dos templos ao participar de suas reuniões.
A Maçonaria preconiza que não se vote em político implicado em processo judicial que compromete algum aspecto ético ou moral. Tampouco se vota em maçom que pouco freqüenta os trabalhos, e quando comparece, diz que sua ocupação política o deixa com sobrecarga de atividades, mas que espiritualmente está sempre presente às sessões. Esta ironia aponta como certo que se trata de obreiro fingido, que está na ordem apenas para angariar os votos em tempo de eleição, iguais àquele irmão que usa a loja apenas para fazer contatos para a sua profissão ou abrir certas portas de gabinetes. Maçom vota em cidadão honesto e principalmente em irmão forjado e ativo em sua loja.
Existem irmãos insistindo no envolvimento da Maçonaria, como instituição, frente aos poderes públicos para reivindicar melhores condições; atividade delegada pelo voto aos maçons próximos ao poder; estes têm o dever de colocar em prática o que a Maçonaria lhes despertou na mente, para isto foram treinados e receberam os votos de seus irmãos. A instituição maçônica posiciona-se para dentro, motivando, dirigindo e incentivando seus adeptos a se encaixarem na sociedade quais pedras cúbicas; enquanto esta orienta, o individuo age. É do cidadão, como indivíduo, a possibilidade de efetuar mudanças significativas na edificação social. Sobre o pensamento pessoal o déspota não tem poder. Cada cidadão deve ser firme quando se trata de seu modo de pensar. Os grupos e a massa podem ser manipulados pelos que detém o poder, o que já é mais difícil para com o individuo que viu a luz. Cada maçom aprende a pensar de forma independente, a Maçonaria, qual escola do conhecimento, apenas fomenta o uso da razão a serviço do indivíduo e da sociedade.
A oração proferida pelo mestre de cerimônias na entrada aos templos de maioria das lojas não faz parte do rito escocês antigo e aceito. Este enxerto, sacramentado pela tradição, prejudica o fomento do papel social do maçom quando aquele oficial convida a todos os irmãos a se concentrarem para deixar no lado de fora do templo todos os seus problemas. Isto constitui uma lastimável perda de oportunidade para o maçom treinar e exercer seu papel social. Impede o aporte de problemas para que a confraria funcione em benefício do mais próximo, que é o irmão. Às vezes uma colocação de alguém não contaminado emocionalmente com o problema, pode influenciar de forma positiva. É necessário construir ambientes propícios para influenciar outros e exercitar o papel social.
Existem maçons que não se desapegam da tendência de formar grupos de poder dentro da loja, um corporativismo que divide e tira a motivação de muitos entusiastas. São os ditos seixos rolantes, irmãos que são polidos por fora, mas rudes por dentro, que visam apenas o poder por vaidade. E como rolam em todas as direções, levados pelo impulso das águas de interesses mesquinhos, ficam lisos e nunca se posicionam. São abatidos pelos que sabem manipular grupos ou tão lisos que escapam de toda e qualquer ação em adestrar seu papel na edificação social. São inúmeras as boas oportunidades que estes desprezíveis desperdiçam.
A sociedade beneficia-se de maçom do tipo esponja, que absorve e libera com facilidade o que aprende; é aquele mestre maçom que não abdica de seu direito de ensinar e veste o avental em sentido lato do seu significado. É dada a oportunidade para cada homem que veste um avental maçônico, independente de grau, de fazer a diferença na edificação da sociedade. Dentro dos templos cada maçom dispõe de um laboratório para crescer no seu papel, isto quando já não trás para dentro da ordem maçônica uma longa vida de trabalho em prol da sociedade.
A Maçonaria preconiza o desenvolvimento do maçom íntegro consigo mesmo e a coletividade. Irmão é irmão e amigo, portador de férrea disciplina para manter sua integridade frente ao mundo licencioso. Foi isto que ele optou quando de sua entrada na ordem maçônica, ser um homem voltado para o bem. Não deve ser pedra rolante que apenas mantém as aparências, ao sabor das correntes de águas oportunistas e mesquinhas. É necessário posicionar-se como livre pensador, que trabalha com freqüência a sua erudição em busca do tesouro escondido no seu rito. Deve tornar-se pedra cúbica, que não rola, que incomoda o mau, ocupa seu espaço e o impede de obter poder. Seu papel na edificação social exige dele que se oponha ao mau, é seu papel na edificação social.
Maçom é um multiplicador de idéias e de posturas contra a ignorância e o fanatismo. É em loja que ele desenvolve sua capacidade multiplicadora, atuando como esponja, atuando ora como professor e ora como aprendiz, para honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo.

Colaboração do Ir. Charles Evaldo Boller, Oriente de Curitiba – PR, “UM MAÇOM EM CONSTRUÇÃO PERMAMENTE”. Os textos publicados neste blog tem autorização do autor para reprodução, tendo o conteúdo preservado em sua integra.

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