sexta-feira, 3 de julho de 2009

A BIBLIA, EWALD BOLLER


EWALD BOLLER [1925-2002].

Colaborador: Ir.: CHARLES EVALDO BOLLER


Livros e mais livros foram escritos sobre a Bíblia. É um dos poucos livros que encontramos em toda parte. Vamos nos ater somente no que tange à Maçonaria.

Para nós maçons, a Bíblia sempre simbolizou a verdade reta e justa. E a verdade para o maçom é a razão de sua própria existência.

Uma das prioridades do maçom é a pesquisa constante da verdade. E esta emana do Grande Arquiteto do Universo. A Bíblia é para a Ordem o código de fé no Grande Arquiteto do Universo. Só que muitos, ao longo dos tempos, e a fim de nos condenar, de nos anatematizar, esqueceram, ou não quiseram saber por que nós não abrimos uma reunião maçônica sem que o livro sagrado esteja presente. Sofremos ao longo dos tempos a pecha de hereges, de ateus, de adoradores de Satã, de promover missa negra, de profanadores de hóstias. E se ainda hoje estamos de pé, mais fortes e mais unidos que nunca, é porque tudo o que nos foi impingido eram calúnias, falsidades e mentiras. As mentes malsãs de nossos detratores, por mais ordenadas que fossem, foram diminutas para abalar os alicerces de uma Ordem que sempre buscou a verdade. Com a Bíblia na mão, a esperança no peito e a fé no coração. Os maçons, queiram os detratores ou não, cultivam a verdade. A presença do livro da lei é fator imprescindível em suas reuniões. Em toda e qualquer reunião. E se uma reunião for realizada em nosso país, sem a presença da Bíblia, essa reunião perde seu valor, e as decisões tomadas ficam sem efeito.

Na França, no rito moderno, a Bíblia deixou de estar presente nas reuniões. No Brasil, em todos os ritos, sua presença é obrigatoriedade constitucional. É certo que nos países aonde não predomina o Cristianismo, o livro sagrado é o livro da religião majoritária daqueles países, porque um dos princípios da maçonaria é respeitar as leis do país, as decisões da maioria de seus membros e as crenças de cada um. Os que não crêem num Deus, não ingressam na Maçonaria.

Os vetustos maçons trouxeram para a Ordem o costume do livro sagrado. Em suas reuniões costumeiras, a Maçonaria moderna chegou a estabelecer um altar específico para o Livro da Lei, de modo que fosse mais bem reverenciado. Muito se pode falar deste livro tão importante na formação cultural e moral de uma nação, todavia, faremos apenas uma resenha do seu uso pelos maçons como símbolo primitivo que, segundo velhos catecismos maçônicos, vem de tempos remotos, muito antes de 1740.

É do conhecimento de todos que a Bíblia, antes do final do século XVI, era privilégio do alto clero. Os fiéis, por mais fiéis que fossem, a ela não tinham acesso. Um dos motivos é que havia certo temor que a plebe, o homem do povo, de pouca ou nenhuma cultura, não soubesse interpretá-la. Outros motivos importantes são os fatos dela ser manuscrita e escrita em latim, língua dominada pelos homens da Igreja. Por ser manuscrita não havia exemplares em abundância para se fornecer ao povo, ao menos aos mais interessados.

Em 1517, Martinho Lutero, religioso e teólogo alemão [1483-1546], entra em crise com a Igreja de Roma e, na mesma época, Johann Gutemberg impressor e inventor alemão [-1468] inventa os tipos móveis e a primeira impressora. Lutero traduz pela primeira vez a Bíblia do latim para o alemão, e Gutemberg, em 1534, imprime esta mesma versão. Daí em diante a Bíblia foi traduzida em pequenas edições para o inglês, francês e depois para muitas outras. Nas confrarias dos pedreiros livres, antes desta data, o que ensinavam eram lendas bíblicas relacionadas com a história do povo judeu, a construção do templo de Jerusalém, do dilúvio universal, e outros, porém, sempre de forma exagerada e fantasiosa. As lendas dos templários e os contos sobre as religiões de mistérios misturavam-se e entrelaçavam-se.

Isto significou que somente após 1600, com o uso da Bíblia como livro da lei por parte dos pedreiros operativos, que os primeiros intelectuais da Europa começaram a ingressar na ordem dos pedreiros livres, de sua parte analfabeta, homens do povo, desprovidos de qualquer tipo de cultura que não fosse aquela ligada à arte de construir, na qual eram gênios, formidáveis e exímios. Qualquer alusão ao uso da Bíblia antes desta data pelos maçons é pura fantasia. Os estatutos de Schaw, datados de 1598, não mencionam a Bíblia, mas apenas contos bíblicos, lendas que os monges das irmandades contavam aos obreiros de suas construções.

Atualmente, no Brasil e em diversas partes do mundo, não se abre uma reunião maçônica sem a presença do livro da lei, o símbolo da verdade, reta e justa.

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